Em 23 jogos na época, 22 apresentaram pintura vitoriosa... só um acabou empatado. Expõe-se um quadro que só podia render lucro e prestígio. Assim se descreve a carreira do Mirandela de André Irulegui na Divisão de Honra da AF Bragança, comprovando o seu favoritismo depois de uma queda indesejada na Distrital. Selado ficou o título de campeão em meados de março, fruto de vitória no reduto dos Africanos de Bragança. A quatro jornadas do fim, juntaram o troféu à subida, sendo a primeira equipa matematicamente campeã em Portugal.
Proeza explicada por 14 pontos de avanço para o Rebordelo, 2.º classificado, gozando ainda do incentivo de prolongar a invencibilidade nos jogos que restam disputar, onde também há uma final da Taça da AF Bragança por disputar frente ao Macedo de Cavaleiros. Uma época de excelência protagonizada por um brasileiro que descobriu Portugal com 27 anos para fazer uma carreira de jogador quase infinita... até aos 55 anos. Fez-se transmontano anos a fio em Miranda do Douro, acabou no GD Sendim, onde se iniciou como treinador em 2021/22. O bom trabalho catapultou-o para um clube de tradição na região. Vencedor surpreendente da Taça da AF Bragança pelo Sendim, em 2021/22, não deixou fugir doce paladar .
"Ser campeão é motivo de orgulho, conquistar matematicamente o título nesta altura acentua o excelente trabalho de todos. Conquistar os objetivos é importante mas a forma como o fazemos também. A equipa superou claramente os objetivos", regista.
Início ditou destino
André Irulegui especula o que seria o Mirandela numa dimensão superior, até pelo saldo de 67 golos marcados e seis sofridos em 18 jogos. "Não teríamos problemas em enfrentar adversários do Campeonato de Portugal e manter o nível. Seríamos difíceis de bater mesmo noutro patamar", admite o técnico. "Partimos dentro de um modelo com objetivos a curto prazo, olhando o calendário e os adversários. Queríamos sair na frente com um modelo de jogo exigente em termos físicos, mas que seria determinante para o resultado final. Sabíamos que iríamos enfrentar os principais rivais no primeiro mês e era uma oportunidade de os ferir e os deixar mais desanimados e desmotivados. Disse aos atletas que esse arranque ditaria o destino e eles compreenderam a importância da mensagem. Foram ferozes atrás do título", nota, gabando o sucesso das escolhas feitas.
"Procurei fortes personalidades para o plantel, que encaixassem na ideia proposta a nível de sistema e modelo", acrescenta, já bafejado pela chance de lançar os preparativos da próxima temporada. "A ideia é manter boa parte do plantel, não seria coerente não o fazer. Não posso achar que poderíamos competir num escalão acima e deitar ao lixo o trabalho feito. Serão precisos ajustes, mas sem qualquer revolução. As ideias serão as mesmas", finaliza.
in O Jogo