O professor catedrático, Óscar Afonso, natural de Sendim, no concelho de Miranda do Douro, é o novo diretor da Faculdade de Economia do Porto (FEP). Este transmontano tem planos para o futuro desta instituição de ensino superior, uma das mais prestigiadas do país, e ao mesmo tempo promete não tirar os olhos da sua região de origem.
Óscar Afonso é o presidente da Assembleia Municipal de Miranda do Douro (PSD), membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) e presidente da Adega Cooperativa de Sendim.
A luta encetada pelo MCTM pelo pagamento dos impostos relativos a vendas das seis barragens da bacia hidrográfica do Douro ou o Plano Ferroviário Nacional (PFN), são temas que o catedrático da Universidade do Porto vai continuar a manter na sua agenda extra curricular.
A desigualdade social e económica do interior, face ao centralismo de Lisboa é outros dos temas abordados nesta entrevista. Óscar Afonso fala igualmente no envelhecimento da população e na falta de mão-de-obra qualificada no território do Nordeste Transmontano. O desenvolvimento rural é outra das tónicas abordadas.
Mensageiro de Bragança: Como se sente, enquanto transmontano, ter sido nomeado para diretor da Faculdade de Economia do Porto (FEP)?
Óscar Afonso: Como diretor eleito da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), sinto-me extremamente honrado por ter sido escolhido para desempenhar esse papel de liderança na respeitada e prestigiada FEP. Considero a eleição como um grande privilégio, mas também como uma grande responsabilidade. Sinto-me motivado a honrar a confiança que foi depositada em mim pelo Conselho de Representantes da FEP e espero que todos os transmontanos se sintam orgulhosos. No entanto, ser eleito não é apenas uma questão de honra e privilégio. É também uma responsabilidade de liderança e ação. Estou determinado a trabalhar para deixar uma FEP ainda melhor e mais inclusiva no final do mandato. Isso significa colaborar com todos os membros da comunidade para encontrar soluções para os desafios que enfrentamos, bem como implementar mudanças positivas que beneficiem todos os envolvidos.
MB.: Do legado que “herdou” do seu antecessor, quais as mudanças e o cunho que vai imprimir neste seu mandato?
OA.: Assumir a direção de uma instituição com uma trajetória tão relevante quanto a da FEP é desafiador. Afinal, há uma responsabilidade em manter o patamar de excelência que foi alcançado anteriormente, além de adaptar a instituição a novas procuras e desafios. O meu antecessor enfrentou uma dupla dificuldade: as obras de remodelação da FEP e as novidades trazidas pela pandemia. Contudo, mesmo diante dessas adversidades, soube manter a instituição como uma das grandes escolas de Economia e Gestão do país. A minha expectativa é que todos na FEP se identifiquem com as prioridades, objetivos e medidas propostas, para que haja uma união de esforços rumo à excelência. O plano de ação que apresentei estrutura-se em torno de três objetivos estratégicos: ensino, investigação e impacto na sociedade, que engloba dez eixos estratégicos. No que diz respeito ao ensino, o objetivo é continuar a atrair os melhores estudantes e em número ainda maior, exigindo programas de elevada atratividade e reputação, além de proporcionar o sucesso estudantil dentro de rigorosos parâmetros de exigência. Para isso, foram propostas ações específicas mais dirigidas de comunicação e marketing, além da criação da Comissão para a Inovação Pedagógica e do Gabinete de Apoio a Organismos Estudantis. Na investigação, os principais objetivos são dotar a FEP dos meios e incentivos necessários à atividade de investigação, aumentar a quantidade e qualidade das publicações científicas, além de fomentar a ligação da investigação às vertentes Ensino e Impacto na atividade Económica e Sociedade. Nesse sentido, será criado o Gabinete de Projetos e Relação com Empresas e a Comissão Consultiva para a Investigação. Por fim, no que se refere ao impacto na sociedade, a FEP procura dotar-se dos meios e in.centivos necessários à criação de valor com base no conhecimento em Economia e Gestão, além de fomentar a ligação de docentes, investigadores e estudantes às estruturas de inovação e empreendedorismo, tanto internas como externas à UP. Para isso, foram propostas ações como a criação do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP-PBS, bem como a criação da Comissão Consultiva para a Inovação e Empreendedorismo e o Clube de Empresários. Além dessas medidas emblemáticas, outras ações visam reforçar parcerias, utilizar tecnologias digitais de nova geração, reabilitar o Edifício das Pós-Graduações, reforçar a presença da FEP nos órgãos de comunicação social e realizar eventos agregadores, como a celebração dos 70 anos da FEP e dos 50 anos do edifício principal, a juntar à tradicional cerimónia de abertura do Ano Letivo e ao Dia da FEP. Em suma, o objetivo é dar continuidade à trajetória de excelência da instituição, reforçando-a.
in Mensageiro de Bragança