O interesse por esta raça asinina autóctone é crescente e há criadores espalhados por todo o país. Uma fêmea pode custar 1500 euros, e um macho 800. A raça esteve em risco de extinção, mas nas últimas duas décadas esse processo poderá ter sido travado. O burro pode ser um aliado em projetos sustentáveis e um animal de companhia, que obriga a sair de casa e fazer desporto.
Um burrinho com uma semana saltita perto da mãe. Estão a dar a primeira “voltinha matinal”, fora das cercas de madeira da AEPGA (Associação para a Proteção e Estudo do Gado Asinino), em Atenor. Miguel Nóvoa alerta que a progenitora pode estranhar a nossa presença. Mas tal não aconteceu, porque ainda a conversa não ia a meio, e já fazíamos festas na mãe, a B de Burra.
O burro de Miranda, de longo pêlo, ponta do focinho branca em contraste com o castanho do corpo, é dócil e gosta de mimos. A cria parece periclitante em cima das patas, saltita e não tardará a pedir festas. Vai chamar-se Terra. O responsável da AEPGA explica que em cada ano os nomes começam por letras diferentes, e 2023 é o do T (este ano já nasceu a Trufa). Esta metodologia ajuda-os a perceber rapidamente a idade do animal, e a identificar com alguma facilidade alguns comportamentos característicos. A mãe nasceu em 2006, ano da letra B, e ficou… B de Burra.
O primeiro burro que ali nasceu foi o Atenor, em 2005. Ganhou o nome deste lugar do concelho de Miranda do Douro onde a AEPGA foi criada, pela mão de Miguel Nóvoa, há 22 anos. Na altura a espécie estava em risco de extinção e esta ONG arregaçou as mangas para assegurar a sua salvaguarda. Atualmente registam-se entre 100 a 120 nascimentos por ano e a média de idades das fêmeas, cerca de 700, baixou de 18 para oito anos. Machos serão 800, o que significa que existem 1500 burros de Miranda em Portugal. “A raça está mais salvaguardada da extinção. Se calhar temos o mesmo número de animais de há 20 anos, mas a faixa etária desses animais é muito mais jovem”, explica.
In Expresso