De acordo com um estudo da Universidade de Vigo, a língua mirandesa está numa situação 'muito crítica' devido ao abandono desta forma de falar por parte de entidades públicas e privadas.
i ▲ "O mirandês é o mais notável elemento de união e de coesão de todos os mirandeses e é também a nossa principal marca identitária e distintiva" PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA ▲ "O mirandês é o mais notável elemento de união e de coesão de todos os mirandeses e é também a nossa principal marca identitária e distintiva" PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA A presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, apelou esta sexta-feira à participação de todos na defesa do futuro da língua mirandesa, após a revelação de um estudo que dá conta de que este idioma está numa “situação crítica”.Leonor Beleza: "A discriminação existe nos ensaios clínicos e medicamentos" A advogada, jurista e conselheira de Estado é distinguida pelo seu percurso profissional"muito rico" e contemplado em todas as áreas do prémio - cultura, economia e gestão -, mas também pela sua"defesa de valores que são muito caros à Universidade de Coimbra, que é uma universidade humanista".Agência Lusa , AM Há 22 min Galardão vai ser entregue em 1 de março, na sessão solene comemorativa do 733.Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, é a vencedora do Prémio Universidade de Coimbra 2023.
“Não podemos enterrar a cabeça na areia e fazer de conta que não há problemas com a língua mirandesa.É natural que olhemos para este estudo da Universidade de Vigo com preocupação.Fechar.Por este motivo é importante a participação de todos na defesa da nossa língua mãe”, disse à Lusa a autarca social-democrata do distrito de Bragança.O galardão – com o apoio da Fundação Santander Portugal e o apoio do Global Media Group – vai ser entregue em 1 de março, na sessão solene comemorativa do 733.De acordo com um estudo revelado na terça-feira pela Universidade de Vigo, a língua mirandesa está numa situação “muito crítica” devido ao abandono desta forma de falar por parte de entidades públicas e privadas.“Enquanto autarca, assumo esta questão grave e dramática.Notável servidora da causa pública por mais de quatro décadas, a nossa premiada deste ano é um exemplo ímpar de dedicação a causas tão estimadas pela UC como a saúde, a investigação científica e a transferência de conhecimento para a sociedade.
Mas historicamente também há responsabilidades que têm de ser apontadas a vários quadrantes e quem poderia ter feito mais e não o fez.Notável servidora da causa pública por mais de quatro décadas, a nossa premiada deste ano é um exemplo ímpar de dedicação a causas tão estimadas pela UC como a saúde, a investigação científica e a transferência de conhecimento para a sociedade”, disse Amílcar Falcão.Agora, e em colaboração com várias entidades, que achamos que são as mais indicadas, todos juntos vamos unir esforços para a defesa e promoção da língua mirandesa como sendo uma obrigação”, vincou Helena Barril.PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR No que toca ao ensino da língua mirandesa, a autarca disse que tem havido “melhoria substancial” nos últimos anos e que se deu “um passo em frente”.“Apesar de estar inscrita no Orçamento do Estado (OE) uma verba de 100 mil euros para a criação de um organismo de defesa da língua mirandesa, pretendemos que o assunto não fique só pelo papel.Para a presidente da Fundação Santander Portugal, Inês Oom de Sousa (vice-presidente do Júri), Leonor Beleza destaca-se por uma “carreira invulgar” e é “um exemplo de constante superação e transversalidade, tendo exercido cargos e desempenhando funções em todas as áreas contempladas no Prémio: cultura, economia e gestão, ciência e inovação.Exigimos a criação do Instituto da Língua Mirandesa”, defendeu a autarca de Miranda do Douro.Foi secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (1982-1983), depois da Segurança Social (1983-1985) e ministra da Saúde (1985-1990).
Para Helena Barril, é também importante a assinatura da Carta Europeia das Línguas Minoritárias.“O mirandês é o mais notável elemento de união e de coesão de todos os mirandeses e é também a nossa principal marca identitária e distintiva.Leonor Beleza é advogada, jurista e Conselheira de Estado e nasceu no Porto, em 23 de novembro de 1948.É, ao mesmo tempo, um poderoso fator de desenvolvimento económico, é a base da nossa cultura, que também nos distingue, e desempenha um papel de integração social fundamental.Não exageramos se dissermos que o mirandês é a maior de muitas das nossas vantagens competitivas no contexto nacional, europeu e internacional”, enfatizou.A autarca desafiou ainda universidades e institutos politécnicos a juntar-se à defesa da língua mirandesa.É Presidente da Fundação Champalimaud desde a sua criação, em 2004, por desígnio do seu fundador António de Sommer Champalimaud, recordou a UC.Distinguiu-se, de forma inequívoca, num dos principais fundamentos da atribuição do prémio, o apoio ao desenvolvimento das pessoas, das famílias, das empresas e das comunidades”, justifica a presidente da Fundação Santander Portugal, Inês Oom de Sousa, vice-presidente do júri.
De acordo com a autarquia de Miranda do Douro, “as instituições locais, municipais, nacionais e europeias, mas acima de tudo o povo da ‘Terra de Miranda’, em conjunto, individualmente ou em grupo, têm o dever e o direito de se envolver e todos colaborar nesta missão, incluindo aqueles que não sabendo falar mirandês reconhecem a sua importância e o seu valor”.Iniciado em 2020, o estudo da universidade galega estimou em cerca de 3.500 o número de pessoas que conhecem a língua, com cerca de 1.Em 2021, o distinguido foi o cardeal, ensaísta, poeta e teólogo José Tolentino de Mendonça.500 a usá-la regularmente , identificando uma rotura com este idioma, sobretudo nas gerações mais novas, através de uma “forte portugalização linguística”, assente em particular na profusão dos meios de comunicação nas últimas décadas, e na identificação do mirandês com ruralidade e pobreza locais.Este estudo tem por base 350 inquéritos feitos à população do concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, em março de 2020, por uma equipa de alunos da Universidade de Vigo, designada por “Brigada da la Léngua” (Brigada da Língua).sapo.
Para os responsáveis pelo estudo “Usos, Atitudes i Cumpetencias Lhenguíticas de la Populacon Mirandesa”, as autoridades portuguesas “têm a obrigação de proteger e salvaguardar o mirandês para toda a humanidade, como protege e investe no lince ibérico ou nas florestas autóctones”.Em 2005, a distinção foi atribuída ex aequo, a António Manuel Hespanha, historiador e jurista, e a Luís Miguel Cintra, fundador do Teatro da Cornucópia, ator e encenador.As conclusões do estudo a que a Lusa teve acesso apontam que a rotura com este idioma transmontano se dá “sobretudo nos nascidos entre 1960-1980”, quando “se operou uma forte portugalização linguística”, através “da imprensa, rádio, TV, escola e administração pública”.Mantendo-se a situação, “a este ritmo é possível que o mirandês morra antes [dos próximos] 30 anos” , conservando-se apenas como “um latim litúrgico para celebrações”, sem ser “língua para viver a diário”, indicou o estudo que ainda não tem data para a sua apresentação oficial.Este trabalho contou com a colaboração da Associação de Língua e Cultura Mirandesa e do município de Miranda do Douro.Temas:.A língua mirandesa é uma língua oficial de Portugal desde 29 de janeiro de 1999, data em que foi publicada em Diário da República a lei que reconheceu oficialmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa..
Fonte Observador