O custo das casas disparou em vários concelhos do Interior de Portugal em 2024, e Miranda do Douro está entre os que registaram maiores subidas a nível nacional. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço médio por metro quadrado no concelho mirandês aumentou 57% num só ano, passando de 299 euros/m² em 2023 para 471 euros/m² no final de 2024.
Este crescimento coloca Miranda do Douro entre os cinco concelhos com maior valorização no país — a par de Mêda (166%), Ribeira de Pena (74%) e Castro Verde (59%).
No panorama nacional, o preço médio das habitações subiu cerca de 10%, situando-se agora nos 1777 euros/m². Apesar de Lisboa continuar a ser o município com os valores mais altos (4340 euros/m²), o maior aumento percentual foi registado em concelhos do Interior, onde os preços ainda são relativamente acessíveis, mas a pressão imobiliária começa a fazer-se sentir com força.
Especialistas do setor referem que o aumento no Interior é um “efeito de arrastamento” dos valores praticados nas grandes cidades. “As pessoas afastam-se dos centros urbanos em busca de habitação mais barata. Essa procura gera pressão e os preços disparam”, explica Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
Para Francisco Bacelar, da Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP), a procura por parte de estrangeiros e a possibilidade do teletrabalho também estão a contribuir para esta nova dinâmica habitacional.
Apesar das valorizações em muitos concelhos, há exceções. Armamar registou a maior descida no preço das casas em 2024 (-48%), seguido de Cinfães (-43%) e Montalegre (-29%).
Em concelhos como Miranda do Douro, o aumento dos preços está agora a expor um problema estrutural: a falta de investimento na construção de habitação acessível, num território onde muitas casas estão desabitadas, degradadas ou apenas disponíveis como segundas residências.