Miranda do Douro
Empoleirada sobre as margens montanhosas e alcantiladas do rio Douro, surge como uma sentinela atenta, observando, do outro lado do rio, a vizinha província espanhola de Castela e Leão, a cidade de Miranda do Douro.
Habitada já desde a idade do bronze, Miranda foi uma cidade importantíssima no tempo dos romanos, que lhe deram o nome de Conticum, depois de Paramica, e por fim Seponcia. Conquistada pelos Árabes em 716, estes deram-lhe o nome de Mir-Andul, nome que por deformação se tornou Miranda.
Reconquistada pelos Lusitanos, a cidade foi reconstruída e fortificada em 1136 pelo rei D. Afonso Henriques, dada a sua importância estratégica e militar, concedendo-lhe foral com muitos privilégios, um dos quais o de ser “couto do reino” ou de “homisIados”, com a finalidade de atrair novos povoadores.
A 18 de dezembro de 1286, o Rei D. Dinis, concede novo Foral a Miranda elevando-a a Vila, demarcando o termo do seu concelho, separando-o do Julgado de Algoso, amuralhando-a e acastelando-a.
O Pontífice Paulo III, a pedido do Rei D. João III, concede por bula de 23 de maio de 1545 o bispado de Miranda do Douro.
Nesse mesmo ano e por carta de 10 de julho, o rei honrou a vila com a Categoria de cidade, acrescentando-lhe novos privilégios e foros.
A sua importância estratégica fez com que ganha-se relevância em vários conflitos com Espanha e França.
Em 1640 com a Revolução, fortifica-se de tal forma que se torna a Praça mais bem munida e apetrechada, militarmente do nordeste transmontano.
Por traição do seu Sargento – Mor, em 1710, que manda abrir ao Inimigo a Porta Falsa, é tomada pelos espanhóis. D. João, conde de Atalaia vai recupera-la um ano depois.
Decorria o ano 1762, durante a Guerra dos 7 anos ou guerra do Mirandum, nas guerras que opunham Espanha e França contra Inglaterra, Miranda é invadida novamente pelos Espanhóis, depois de Portugal ter recusado renunciar a sua amizade com a Inglaterra.
Será nesta guerra do Mirandum, mais propriamente no fatídico 8 de maio de 1762, quando Miranda estava completamente cercada, se dá uma ainda hoje não esclarecida, explosão no Paiol da sua Praça (onde se armazenavam cerca de 1500 arrobas de pólvora), provocando a hecatombe.
Mais de 400 pessoas, entre militares e civis jazem sob os escombros.Um ano mais tarde o Conde de Lippe, expulsa definitivamente os espanhóis, mas Miranda era uma cidade arruinada, com um aspeto confrangedor, e é então quando em 1764 , o “indigníssimo” bispo D. Aleixo de Miranda Henriques, deixa a cidade e vai viver para Bragança.
A mudança definitiva da sede de diocese dá-se no ano de 1780.
A importância de Miranda decaí, caindo numa profunda tristeza durante cerca de dois séculos, da qual só sairia em 1956 com o início das obras da Barragem hidroelétrica, aumentando a população, relançando a economia local, abrindo assim novos horizontes de desenvolvimento, e permitindo a comunicação por via terrestre com Espanha.
Miranda é hoje uma cidade em franco desenvolvimento, cheia de encanto, de tradições, e de gentes humildes que sempre souberam preservar a sua identidade.
Miranda é uma referência cultural, social e religiosa de Trás-os-Montes, é “um símbolo secular da vontade lusitana em terras fronteiriças”.
Anexas: Aldeia Nova, Palancar, Pena Branca, Vale d´Águia.